A princípio minha decisão tinha sido não publicar nada mais neste blog, já que a TR4 deixou de ser fabricada. Mas a revisão de 80.000km é importante, e decidi falar como foi a revisão da minha viatura.
De certa forma a 8a revisão é uma encruzilhada. Ela ocorre no 4o aniversário do veículo - no meu caso, como rodo consideravelmente menos que 10.000km por semestre nos últimos 2 anos, sempre estou adiando um pouquinho a cada vez e meu carro já tem 4 anos e 8 meses. A 8a revisão é a mais cara e completa da TR4, porque troca diversas peças e lubrificantes. A próxima revisão igualmente cara só vai acontecer com 160 mil quilômetros ou 8 anos.
Este é o momento de decidir se você vai ficar com o automóvel, ou entregá-lo na compra de um novo. Se vai ficar com ele, faça a revisão, se for trocar, entregue imediatamente antes. Não valeria a pena negociá-lo logo depois desta revisão; o ideal seria ficar com ele mais 4 anos a partir da revisão feita. No mínimo 2 anos, para usufruir do seu próprio zelo. Por razões pessoais eu preferi ficar com o automóvel mais um quadriênio.
80 mil km também é a época em que os pneus costumam ser trocados. Um pouco antes para alguns, mas é sempre nesta faixa entre 65 e 80 mil. Meu automóvel estava com 76 mil km, se fosse para realmente economizar daria para rodar com os pneus mais uns meses, mas já estava naquele ponto em que os amigos próximos comentam.
Curiosamente, a concessionária Kayo ofereceu trocar os pneus junto com a revisão, ofereceram um preço muito bom. Na verdade o preço unitário do pneu era normal (no Mercado Livre está muito mais barato), mas estavam com uma promoção "leve 4, pague 3", e aí o preço efetivo unitário ficou realmente bom. Decidi trocar. Nem precisei botar um pneu velho no lugar do estepe, talvez por isso mesmo ofereceram o "leve 4, pague 3", porque é o que todo mundo faz na realidade, comprar apenas 3 pneus. Ao menos se acontecer de um pneu ser cortado ou inutilizado, como já me aconteceu, tenho um novinho no estepe, e aí sim vou atrás de um pneu velho.
A revisão em si ficou um pouco mais barata (1500 reais) do que costumava ser (2200 reais), devido a uma mudança de procedimento: a troca do óleo ATF do câmbio automático não é mais feita aos 80 mil km, e a correia dentada só é trocada aos 100 mil km. O óleo ATF é agora inspecionado a cada revisão e trocado quando necessário. Isto é consoante com a troca de óleo do motor, que também foi esticada de 5.000 para 10.000km. Os óleos estão cada vez melhor e os tempos de troca vão esticando de acordo. Existe o aspecto ambiental também: óleo é um grande poluente, e quanto menos óleo velho houver para descarte, menos chance dele acabar derramado por aí.
Os óleos dos diferenciais e caixa de transferência continuam sendo trocados nesta revisão. Também há os demais custos de uma revisão "par" (a cada 20 mil km) de uma TR4 flex: velas, filtros, limpeza de bicos, etc.
No caso do câmbio automático, a mudança de agenda é meio polêmica, muita gente advoga a troca do óleo até mais cedo, em torno de 50.000km. Por outro lado, muitos carros mais novos estão saindo com óleo de caixa "para toda a vida", ou em torno de 250.000km que é a vida útil típica de um veículo. O óleo ATF da minha TR4 ainda tem a mesma cor de groselha que tinha quando nova, então pelo critério visual não precisaria mesmo trocar por ora. Por outro lado, um automóvel mais judiado poderia precisar de uma troca até antes de 80 mil km, denunciado pela mudança de cor do ATF para marrom. Seja como for, se realmente é uma decisão técnica fundamentada, é uma economia de 1200 reais e 12 litros de poluente a menos no mundo.
Além da revisão seca (1500 reais), pneus (2500 reais) também gastei mais de 2 mil em outros itens: alinhamento e balanceamento, 4 amortecedores, palhetas de limpador de pára-brisa, correias de alternador e ar-condicionado (pelo menos a do alternador tinha voltado a "cantar" às vezes, e devia estar desgastada), um farol queimado (justo o farol dianteiro direito que na TR4 é difícil de trocar, exige retirada de outras peças).
São consertos que provavelmente sairiam mais barato numa auto-elétrica e numa oficina comum, mas fazer tudo num lugar só evita empurra-empurra de responsabilidades, fora a perda de tempo de deixar o carro um dia num lugar, outro dia em outro, etc. Apenas a bateria eu tinha trocado numa loja especializada, há poucos meses, pois assim como os pneus ela dava sinais de estar nos últimos meses de vida; e ficar sem bateria é muuuuuito chato. A bateria original durou mais de 4 anos, não dá pra reclamar.
Também acho que a concessionária é "honesta" nos preços e diagnósticos, considerando o status de concessionária e o fato de ser um carro mais "luxuoso". Nesse tempo de crise eles têm direito de faturar um pouco, não é? Quando falaram em trocar os amortecedores eu farejei empurrometria, mas realmente o carro ficou mais esperto e macio quando passa por uma depressão. Antes estava batendo no fim-de-curso em irregularidades típicas de rua calçada. É o tipo de degradação lenta que um motorista diário não nota, mas vai acontecendo, e minando gradativamente a "saúde" do carro, que se não for mantido acaba com aquele jeitão cansado de carro velho.